segunda-feira, 4 de abril de 2016

O Cristão e o Voto Consciente - Mensageiro da Paz (Abr/2016)

Por muitas décadas a política foi satanizada no meio evangélico. Ensinava-se que a política era coisa do diabo. Como resultado desta ignorância cultural, a igreja permitiu com sua omissão, que o poder público fosse exercido por ateus, ímpios e imorais. Pela inexistência de consciência política os evangélicos se resignavam em votar no candidato “menos pior”. Este comportamento desastroso contribuiu com a eleição, por exemplo, de governos formados de adeptos do “laicismo fundamentalista” (em oposição aos valores cristãos) “manipuladores de dados” (na imposição do senso comum) e “opositores da liberdade religiosa” (na elaboração de leis secularistas). A sociedade passou a ser massacrada pela corrupção, usura, suborno, imoralidade e violência assustadora. 
Consciência política 
Aos poucos, diante do cerceamento de algumas liberdades, a igreja começou a despertar para a realidade política. As mudanças e as transformações sociais passam pelo processo político. Por que então não eleger candidatos que reproduzam a moral cristã? Por que não apoiar políticos não corruptos e que rejeitam as leis contrárias aos princípios cristãos? Para que isso seja possível faz-se necessário que a igreja amadureça e desfrute de “consciência política”. A igreja deve ser consciente das questões que são debatidas nas Assembleias Legislativas e Congresso Nacional. A conscientização deve ser fundamentada em princípios cristãos. As propostas e as ideologias dos partidos políticos devem ser analisadas sob a ótica cristã. A postura, as propostas e os ideais do candidato precisam ser avaliados à luz das Escrituras. Esta conscientização tem florescido. Os evangélicos, antes marginalizados pelos políticos, começaram a experimentar o poder do voto. Em outubro de 2010, na campanha presidencial, o voto dos evangélicos forçou o segundo turno nas eleições. Uma demonstração que o cristão pode fazer valer suas convicções se votar conscientemente. Mercê desta realidade, um movimento cada vez mais crescente, acredita que é possível moralizar o poder público, substituindo os políticos corruptos e liberais por políticos cristãos e conservadores.
O perigo da politicagem 
Como em algumas das igrejas a conscientização política ainda é incipiente, faz-se necessário um alerta referente ao perigo da politicagem. Os dicionários em geral conceituam politicagem como: “política reles e mesquinha de interesses pessoais”. O perigo dos atos politiqueiros é colocar em descrédito o evangelho e a igreja cristã. O cristão fiel jamais pode compactuar com este procedimento. Os princípios cristãos não podem ser negociados. A ética e a moral cristã não podem ser vendidas e nem compradas. Aqueles que são contrários as convicções cristãs não podem receber o apoio e nem o voto da igreja. O cristão não pode se iludir com o esplendor das promessas e nem com as supostas garantias apresentadas pelos candidatos. Os que não compartilham os ideais do evangelho não devem ser homologados pelo povo de Deus. No cristianismo primitivo a igreja em Corinto foi advertida a observar este princípio (2Co 6.14). Contudo, apesar da orientação bíblica, obreiros fraudulentos ludibriam e manipulam as ovelhas sob seus cuidados. Interessados em levar vantagem pessoal não hesitam em apoiar candidatos políticos contrários a fé cristã. Vislumbram benefícios econômicos e “status” social. Sem nenhum pudor, ao leve toque musical, prostram-se diante da estátua de Nabucodonozor e com esta conduta negam a fé e maculam o o nome de Cristo. Estão interessados emmanter ou adquirir privilégios e indispostos a sofrer retaliações por causa do evangelho. Não satisfeitos em apoiar candidatos de conduta repreensível, soma-se a este erro, o uso da mídia e do púlpito da igreja para promover apoio a candidatos que vivem na iniquidade. O cristão é cidadão e deve exercer sua cidadania. Contudo, não pode esquecer que também é cidadão do céu. Como Embaixador de Cristo representa os interesse do reino de Deus na terra. Portanto, não pode apoiar, nem permitir ou promover apoio aqueles que afrontam o reino de Deus. Resistência reinante
Apesar de a conscientização estar florescendo ainda existe focos de resistência. Não poucos crentes são contrários ao envolvimento da igreja ou a posição pastoral em relação à política. Acreditam que a igreja não pode comprometer-se com o poder temporal sob o risco dos escândalos. O argumento dos escândalos não se sustenta, pois infelizmente eles são inevitáveis (Mt 18.7). Não é por causa de uma maça podre que vamos recusar a cesta toda. Como a igreja está engatinhando neste mister, cabe ao líder o uso de diplomacia e prudência. É importante levar em consideração o aspecto cultural e o grau de instrução da membresia. Suas convicções devem ser ouvidas e respeitadas. Qualquer persuasão só pode ser levada em efeito sob a autoridade da Palavra de Deus. Todo o cristão deve ser conscientizado que como discípulos de Cristo devemos andar como Ele andou (1Jo 2.6). Neste caso, é de bom alvitre, que cada cristão faça a seguinte pergunta reflexiva: “Em meus passos, que faria Jesus?” Será que Cristo apoiaria a corrupção, a violência e a imoralidade? 
Como delimitar nossa atuação
Os princípios éticos devem ser observados. O púlpito da igreja não pode ser transformado em “palanque eleitoreiro”. As orientações devem ser claras, precisas e esclarecedoras, contudo, não se pode ocupar o espaço da palavra ou da adoração. As convicções cristãs devem ser conhecidas por todos bem como a posição da igreja. Se houver coerência entre o discurso e a fé cristã, certamente a igreja acatará o conselho da liderança. Por outro lado não se pode confundir a cruz de Cristo com ideologias partidárias. A renovação política não pode ser substituída pela transformação espiritual. A degeneração da sociedade não será resolvida ou corrigida por uma série de leis que inibam a má conduta. Somente a propagação do evangelho de Jesus Cristo pode deter o declínio e a ruína moral de nossa sociedade. A igreja deve fazer oposição a qualquer ideia que desrespeite a mensagem do evangelho. Precisa se mobilizar para erradicar os políticos corruptos em todas as esferas. Porém, a batalha nas urnas será constante. Se usarmos apenas a ferramenta política certamente venceremos umas batalhas e perderemos outras. Mas, se cumprirmos nosso papel de sal da terra e luz do mundo, o poder do evangelho pode desarraigar para sempre a iniquidade dos corações. Levanto a bandeira da conscientização política e sou favorável a mobilização evangélica. Entendo que o cristão deva divulgar sua posição coerente com o evangelho. No entanto, lembro que nossa luta não é contra a carne e o sangue (Ef 6.12). A Igreja não pode limitar-se a fazer oposição e oferecer resistência à iniquidade no poder temporal. Não pode depositar sua confiança e esperança em decisões políticas, embora não deva subestimá-la ou negligenciá-la. As lideranças devem promover o “voto consciente” sem descuidar-se do avivamento espiritual. O avivamento liderado por JohnWesley (1703-1791) trouxe mudanças sociais na Inglaterra. Porque na realidade o mal a ser combatido é o pecado. 

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