quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

A REFORMA PROTESTANTE E A DECLARAÇÃO DE FÉ DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS

Na noite de 31 de outubro de 1517, o reformador alemão Martinho Lutero (1483- 1546) afixou na porta da igreja do castelo de Wittenberg 95 teses contra as indulgências da igreja medieval. As teses sacudiram o país alemão e em pouco menos de trinta dias já tinham chegado à Itália. Escritas em latim, às teses foram traduzidas para o alemão, holandês e espanhol. Cerca de quatro anos depois o Imperador Carlos V convocou sua primeira dieta imperial na cidade de Worms para entre outros assuntos colocar um fim na reforma deflagrada por Lutero. Os trabalhos iniciaram em fevereiro e se estenderam até o mês de maio de 1521. No dia 18 de abril, uma quinta feira, Lutero foi conduzido ao local da assembleia que se encontrava lotada, o número dos que ocupavam as ante-salas, as janelas e as escadarias somavam 5 mil pessoas [1]. Na ocasião, o reformador foi instigado a retratar-se de seus escritos e sua resposta diante daquela multidão entrou para a história como uma declaração de convicção e fé nas Escrituras Sagradas:
“Minha consciência está atrelada à palavra de Deus. Enquanto não me tiverem convencido pelas Sagradas Escrituras, não posso nem quero retratar-me de coisa alguma, pois é perigoso agir contra a consciência” [2]
Como resultado de sua postura, no dia 26 de maio de 1521, um decreto imperial conhecido como Edito de Worms condenou o reformador por heresia, determinou a execução da bula papal com a excomunhão e ordenou a queima dos escritos e livros de Lutero. O edito também autorizava a prisão e o saque dos bens de todos quantos aderissem ou simpatizassem com as ideias do reformador. Mesmo diante de tal nefasto decreto, a reforma não pode ser contida. Desse modo, em 1529, Carlos V voltou a convocar à Dieta Imperial, desta vez na cidade de Espira, com a intenção de combater a reforma, ratificar o Edito de Worms e impor o catolicismo na Alemanha. A reunião transcorreu no período de 19 a 25 de abril daquele ano. Após intensos e calorosos debates em que os representantes do imperador e do papa desejavam suspender o direito a liberdade religiosa e restabelecer a religião católica no país, os líderes alemães indignaram-se e redigiram um documento de protesto. Ao total, seis príncipes assinaram e 14 cidades imperiais livres subscreveram a carta:
“Protestamos pelos que se acham presentes [...] que nós, por nós e pelo nosso povo, não concordamos de maneira alguma com o decreto proposto, nem aderimos ao mesmo em tudo que seja contrário a Deus, à Sua santa Palavra, ao nosso direito de consciência, à nossa salvação. [...] Por essa razão rejeitamos o jugo que nos é imposto. [...] Ao mesmo tempo estamos na expectativa de que Sua Majestade imperial procederá em relação a nós como príncipe cristão que ama a Deus acima de todas as coisas; e declaramo-nos prontos a tributar-lhe, bem como a vós, graciosos fidalgos, toda a afeição e obediência que sejam nosso dever justo e legítimo” [3]
A partir deste episódio histórico os adeptos e simpatizantes das ideias de Lutero com a consequente reforma da igreja receberam a alcunha de “protestantes”. Já o conceito de “protestantismo” surgiu no século XVI com o propósito de fundir uma série de eventos que contribuíram para a transformação da igreja cristã. Na verdade, após as 95 teses de Lutero, a igreja experimentou programas de reformas diversos e distintos em todo o mundo. Porém, foi a partir de Wittenberg que a teologia escolástica e o aristotelismo deram lugar a uma nova teologia com ênfase na Bíblia. O lema adotado por Lutero “renovar e não inovar” passou a ser um padrão para o protestantismo onde o movimento se instalava. Como resultado dessas transformações surgiram uma variedade de ramificações e denominações cristãs e cada qual adotou um modelo de reforma para ser seguido.
Em decorrência, os reformadores nem sempre estavam concordes em suas posições doutrinárias. Desde o começo aconteceram divergências quanto à necessidade de reformar este ou aquele ponto doutrinário. Evidente que estes fatos não são deméritos e nem colocam a reforma em descrédito. A reforma deve ser entendida como um movimento de transformação. Como se convencionou afirmar “sempre reformando”. E já no período clássico da reforma surgiu a “reforma radical” que desejava não apenas reformar, mas restaurar a igreja à sua pureza original. Essa ênfase foi considerada uma “reforma da Reforma”, ou uma “correção da correção do catolicismo” [4]. Deste modo, no período da Reforma, confissões, credos e declarações de fé protestantes passaram a ser promulgadas. Estes documentos depois de aprovados passavam a ser a interpretação autorizada das Escrituras como norma de fé e prática deste ou daquele determinado segmento protestante.
Assim, as confissões de fé tornaram-se marcas da Reforma Protestante, dentre elas, destacam-se a Confissão de Augsburgo (Lutero), elaborada por Filipe Melânchton em 1530; as Confissões Helvéticas (Zuínglio), a primeira em 1534, e a segunda em 1566, sendo esta preparada por Heinrich Bullinger; a Confissão de Fé Gaulesa (João Calvino), elaborada em 1559; a Confissão de Fé Escocesa (John Knox), preparada em 1560; a Confissão Belga (Guido de Brés), elaborada 1561; o Catecismo de Heidelberg (Ursino e Oleviano) em 1567; a Confissão de Fé da Igreja Anglicana (Matthew Parker) escrita em 1552 e revisada em 1563; a Remonstrância (Armínio), escrita em 1610 e que culminou com a Confissão Arminiana em 1621, elaborada por Simão Episcópio. E por fim, a última delas no período da Reforma, a Confissão de Fé de Westminster (Britânica), produzida entre 1643 e 1647.
Mercê destes fatos e seguindo o legado dos reformadores, as Assembleias de Deus no Brasil, no ano de aniversário de 500 anos da Reforma Protestante e no período pós-centenário do pentecostalismo assembleiano, por ocasião da 42ª Assembleia Geral Ordinária da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), em abril de 2017, aprovou por unanimidade de seus Ministros a sua “Declaração de Fé”. O documento é constituído de 16 artigos de fé intitulado de “cremos” o que pode ser considerado como “credo menor” e a “Declaração de Fé” propriamente dita que contém 24 capítulos e que pode ser identificada como “credo maior”. O documento ressalta a marca pentecostal das Assembleias de Deus enquanto desponta como a maior denominação religiosa protestante do país. No entanto, a primordial finalidade da “Declaração de Fé” das Assembleias de Deus é usar o documento como proteção contra os modismos e as falsas doutrinas, contribuir para a unidade do pensamento teológico e ortodoxia cristã para “que digais todos uma mesma coisa” (1 Co 1.10) e, de modo especial, fazer com que tudo culmine para a Glória de Deus (Soli Deo Gloria).

Douglas Roberto de Almeida Baptista
Pense nisso!

Referências bibliográficas

[1] JUST, Gustav. Deus despertou Lutero. Porto Alegre: Concórdia, 2003. p. 77.

[2] SAUSSURE, A. de. Lutero o grande reformador. Rio de Janeiro: Vida, 2003. p. 73.

[3] D’AUBIGNÉ, M. História da Reforma do Século XVI. Genebra, 1846. Lv. 13, cap. 6. p. 964


[4] GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 2007. p. 254.

CELEBRAÇÃO DA REFORMA PROTESTANTE EM SANTA CRUZ DO SUL-RS









A QUESTÃO DA IDEOLOGIA DE GÊNERO

Introdução
As Ciências Sociais ensinam que as desigualdades sociais entre os sexos são o resultado de relações históricas de opressão e preconceito. A este entendimento dá-se o nome de “questão de gênero”. Essa concepção não reconhece que as características físicas e biológicas de alguém devam ser usadas como parâmetro comportamental. Nessa perspectiva, refutam a ideia de que o “sexo masculino” deva se comportar como menino e de que o “sexo feminino” deva se comportar como menina. Alegam que o comportamento social esperado de homens e mulheres é estabelecido pela cultura e não pelas questões físicas e biológicas.

Ideologia

Influenciado pelas ideias do inglês John Lock, o filósofo francês Destutt de Tracy desenvolveu o conceito de “ideologia”. A palavra é composta pelos vocábulos gregos “eidos” que indica “ideia” e “logos” com o sentido de “estudo” e “raciocínio”. De modo singular significa “o conhecimento sobre as ideias”.

Karl Marx

Nos escritos do filósofo alemão Karl Marx a ideologia deixa de ser apenas “o conhecimento das ideias” e passa a ser um “instrumento” que serve para assegurar o domínio de uma classe ou grupo social que impõe aos outros os seus ideais de comportamento.

Gramsci

O filósofo e político italiano Antônio Gramsci reinterpretou as teorias de Marx e deu especial atenção às ideias e a cultura como campo estratégico de lutas. Na sua visão o processo de dominação deve ser feito pelo convencimento e pela imposição da ideologia de uma classe ou grupo social sobre os outros.

Para tanto, Gramsci recomenda a reforma intelectual e moral da sociedade por meio de pessoas influentes que possam manipular a opinião pública e assim modificar o senso comum do “certo” e do “errado”.

Homem coletivo

Com o uso intenso da mídia dissemina-se uma “nova cultura” e cria-se o “homem coletivo” que passivamente aceita e assimila a “filosofia nova” e passa a pensar igual a todo mundo.

 Patrulhamento ideológico

A partir do “senso comum modificado” pelas novas ideias, quem ousar discordar sofrerá o patrulhamento ideológico.  O propósito é desprestigiar quem se manifesta contrário à ideologia. As pessoas que oferecem resistência são estigmatizadas e acusadas com termos pejorativos tais como “fundamentalista”, “homofóbico”, “preconceituoso”, “machista”, “racista” e “reacionário” dentre outros.

Politicamente correto

Por meio do patrulhamento são construídas muralhas invisíveis que amordaçam o cidadão temeroso da censura. Assim a liberdade de expressão é controlada pelas grades do “politicamente correto”. O cidadão passa a falar somente aquilo que não lhe trará censura ou repreensão.

Ideologia e identidade de Gênero

Quanto à sexualidade a ideologia ensina que à orientação do desejo sexual não é determinada pela constituição anatômica do corpo humano. Neste caso, consideram que a atração pelo sexo oposto corresponde a determinados estereótipos e papeis sociais previamente estabelecidos pelo contexto histórico, político e cultural da sociedade.

Desse modo os padrões de cultura vigente devem ser desconstruídos, para isso a identidade de gênero e a orientação sexual devem ser consideradas como algo natural que vai moldar a pessoa ao longo da vida, por exempolo, a criança passa a decidir depois de crescida se quer ser menino ou menina. Daí o interesse descarado e depravado da ideologia em alcançar as crianças por meio das chamadas cartilhas e temáticas homoafetivas.

Consequências da ideologia de gênero

            Quando se adota a ideologia de gênero como parâmetro ou medida, os valores e os conceitos tornam-se relativos. A começar pelo postulado básico da “identidade de gênero” toda a relação sexual consentida será considerada moralmente boa e, portanto lícita e aceitável, não sendo passível de crítica ou condenação por parte da sociedade e das autoridades públicas.

Práticas que hoje são moralmente condenadas passarão a ser consideradas igualmente lícitas tanto do ponto de vista moral, legal e jurídico. Depravações como zoofilia (sexo do homem com animais); necrofilia (atividade sexual com cadáver) e até a pedofilia (sexo de adulto com criança) serão toleradas como  resultado da aceitação da “ideologia de gênero”.

A exposição do Santander

            Sabemos que os defensores da ideologia vão fazer barulho e discordar da afirmação feita acima. No entanto, não se pode negar os fatos que estão bem diante dos nossos olhos. Vou citar somente um exemplo que comprovam com dados reais o que pretende esta ideologia que inevitavelmente  vai desaguar em depravação moral. Vejamos: ao estilo proposto por Gramsci a fim de modificar o senso comum por meio da arte, neste mês de setembro, a exposição do Banco Santander reuniu em Porto Alegre-RS, 270 trabalhos de 85 artistas que abordavam a temática LGBT, questões de gênero e diversidade cultural.

Grande parte destes trabalhos afrontavam símbolos religiosos cristãos e faziam apologia à zoofilia, pedofilia, sexo grupal e defesa do homossexualismo. Tudo isto financiado com isenção fiscal, cerca de 800 mil reais, captados por meio da Lei Rouanet – de incentivo à Cultura.

Após inúmeros protestos nas redes sociais a exposição foi cancelada. Ato contínuo, os defensores da ideologia deram início ao “patrulhamento ideológico” ao estilo proposto por Gramsci desqualificando seus opositores com variados termos pejorativos. Não enxerga quem não quer ver.

Considerações Finais

Em contraste a esta ideologia, as Escrituras asseveram que o Criador, ao formar o homem e a mulher, declarou solenemente: “deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24). Portanto, biblicamente a orientação e o desejo sexual estão direta e intrinsicamente relacionados às características físicas (sexo masculino e feminino) do ser humano e não com o construto cultural da sociedade.

 Douglas Roberto de Almeida Baptista


PENSE NISSO!

Pense Nisso! A IDEOLOGIA DE GÊNERO

O que significa Ideologia de Gênero?
Todos nascem homens ou mulheres?
Quais as implicações Legais, Morais e Éticas acerca dessa Ideologia?
Qual é a perspectiva cristã acerca da Ideologia de Gênero?
Karl Marx ensinou sobre ideologia?

O que pretendia a exposição do Santander?


FÓRUM CPAD DE TEOLOGIA PENTECOSTAL

Nos dias 15 e 16 do mês de setembro, ocorreu a terceira edição do Fórum CPAD de Teologia Pentecostal. O evento ocorreu em Maceió-AL, igreja presidida pelo Pr. José Orisvaldo.
Os preletores foram os Pastores Douglas Baptista (DF), Isael de Araujo (RJ) e Esequias Soares (SP). Foram dias de regozijo espiritual e estudo das Sagradas Escrituras.
Jesus Cristo Salva, Cura, Batiza com Espírito Santo e breve voltará!